Comunicação, linguagem e língua
Como seria a interpretação dos códigos
de linguagem na descoberta de uma nova cultura?
Um assunto que permeia a malha dos
contatos com civilizações não terrestre tem relação com linguagem e
comunicação. O que é a comunicação entre culturas alienígenas e nós? Afinal
somos alienígenas para eles também. Pensando em termos de vida no planeta Terra
temos uma gama de formas de comunicação extraordinárias. A diversidade existente
no planeta poderia nos dar um senso de realidade sobre o que ou como poderia,
ou imaginaríamos ser, a comunicação em outros orbes ou entre aqueles que estão
vivendo aqui no planeta Terra. O que temos como registro de contato atualmente
são contatos telepáticos e, na área de escrita, alguns ideogramas registrados
ao longo dos casos registrados. No entanto, poderíamos ser surpreendidos com
uma forma de comunicação completamente adversa dos modelos que supomos devam
ser os mais usuais como formas geométricas, linguagem binária, sons, luz, etc.
Não podemos descartar que o universo não é um lugar insípido, sem cheiros,
cores e sons, que poderiam muito bem ser uma forma de comunicação que usamos
como sentidos. Outra forma sugerida são os sonhos que podem trazer signos ou
formas que conhecemos como instrumentos de significados, e que foram
assinalados como uma forma de comunicação com o nosso subconsciente.
Podemos fazer uma diferenciação para
entendermos melhor os termos: Comunicação
– “troca de informação, independente do emissor, do
receptor, do código e do meio utilizado”; Linguagem
– “qualquer meio sistemático de comunicar
ideias ou sentimentos através de signos convencionais, sonoros, gráficos,
gestuais.”; Língua -estruturas
variadas das formas de linguagem.
Na trilogia “Senhores dos Céus, por
Irenia” menciono Parrilha. Este personagem realmente existiu e através dos seus
inúmeros contatos com outras civilizações escreveu um dicionário idiomático
contendo vários tipos de expressão linguística. Apesar de não estar disponível
continua sendo um valioso material para um futuro próximo onde o estudo das várias
formas de comunicação se fará necessária. O filme “A Chegada” mostra a
limitação em decifrarmos códigos que não se assemelham aos nossos, e como
perdemos um tempo precioso não buscando entender os diferentes códigos de
linguagem aqui mesmo em nosso planeta advindos dos diferentes reinos da
natureza. Nosso egocentrismo e orgulho como seres únicos e inteligentes não somente
no planeta como em todo o universo, mostra a dificuldade em deixar público um
material tão rico como o que Parrilha reuniu.
Não por egoísmo, mas por uma total imaturidade do ser humano, além de
que com toda certeza estaria sendo absorvido e recolhido por organizações sem
interesse que o material fosse estudado, divulgado, muito menos ensinado.
Nenhum exagero nesta afirmação, isto já acontece com pesquisas que poderiam dar
ao ser humano mais qualidade de vida, além de conhecimento.
Apesar de estar nestes últimos anos
longe do universo semiótico compartilho com todos um fragmento da visão sobre o
tema que levei a discussão na década de 90, e que nos faz repensar, diante das
novas tecnologias, em como o comunicar está passando por grandes transformações,
bem como se isto facilitará ou dificultará a interação com outras culturas não
humanas.
Semiologia
“Amigos, procurei dentro de um tema acadêmico ser o
mais objetiva possível por ser a Semiologia uma ciência relativamente nova, e
ainda voltada para pequenos círculos de estudiosos. Para desenvolver este
trabalho procurei por estas pessoas, para que todos nós saíssemos daqui com uma
visão básica do assunto.
Quando falamos de Comunicação, falamos de um
processo. O objetivo central desse processo é a Informação transmitida por um
comunicador a um receptor, utilizando um canal e um sistema de códigos
específicos e, posteriormente, recuperada para a transmissão de novas
informações. A Semiologia ou semiótica é a ciência que estuda justamente estes
sistemas de signos no seio da vida social, e obriga-nos a voltar a função
primordial das linguagens: “Agir sobre outrem”. Comunicar-se, portanto, é
transmitir uma mensagem. Etimologicamente, a palavra comunicação deriva do
latim “comunicare” cujo significado
seria “tornar comum”, partilhar, trocar opinião, conferências. De fato,
comunicar tem o sentido de participação.
Foi o matemático Claude Elwood Shannon (30 de abril de 1916 — 24 de fevereiro de 2001) em coautoria com Warren Weaver (1894-1978) que buscou durante a Segunda Guerra mundial um
método para simplificar os sistemas de comunicação. Segundo ele, a teoria da
informação se interessa quase exclusivamente dentro dos três níveis de
comunicação:
1-Técnico - com quanta precisão podem ser
transmitidos os símbolos?
2-Semântico - com quanta precisão os símbolos
transmitidos transmitem o significado pretendido?
3-Eficácia - com quanta eficácia o significado
recebido influi na conduta da maneira desejada?
O ideal é a interatividade dos três aspectos, pois
na comunicação humana se registra um sem número de malogros não porque o
emissor é incapaz de expressar o que tem por dizer, ou porque o receptor é
incapaz de interpretar a mensagem como se pretendia que ela fosse interpretada.
As razões desses insucessos têm frequentemente um sabor semântico, mas, muitas
vezes as suas causas residem na constituição e na situação psicológicas de uma
das partes ou de ambas, mas não devemos denotar a linguagem todos os deméritos,
outros ruídos podem interferir nesta sintonia sendo uma delas a tradução de
conceitos que podem ser confusos de uma língua para outra. No total são sete as
barreiras à comunicação humana convencionadas.
Demais, as pessoas não se comunicam pura e
simplesmente para influir na conduta umas das outras; as suas intenções têm,
com frequência, um alcance muito mais do que o sugerido. A educação, por exemplo,
o mais extenso de todos os processos de comunicação destina-se em sua essência muito mais a produzir
uma atitude informada da mente do que provocar alterações específicas de
comportamento.
Podemos lembrar também o feito extraordinário do matemático
britânico Alan Turing, pioneiro da computação e considerado o pai da ciência
computacional e da inteligência artificial, com a criação do que é considerado
o primeiro computador, e que decifrou o código alemão “Enigma”,
acelerando o termino da Segunda Guerra Mundial. O filme “O jogo da imitação” mostra
o processo de entendimento das codificações e a solução encontrada. Abaixo teses
interessantes sobre o assunto.
(Um estudo da máquina Enigma -
Comunicação
com outras culturas não humanas
As comunicações recebidas
através de contato com outras culturas não humanas podem ter resultados falhos
não somente no que se refere a interpretação do conteúdo da mensagem, como
também das implicâncias e intenções. Isto é, o processo de comunicação humano
já é extraordinariamente complexo, havendo muitas interferências e erros de
interpretação que pode levar a um entendimento ineficiente, falho. O
relacionamento entre o emissor e o receptor pode interferir e gerar preconceitos
existentes, como erros ou dificuldades na utilização de códigos de comunicação
que envolvem não somente a expressão verbal, ou não verbal, ou um símbolo
qualquer; mas também conteúdos, conotações. Lembrando que não somente um
conceito, uma palavra, - aliás uma palavra pode ser empregada como símbolo,
signo, ou elemento de referência - mas tudo que implica a decodificação do
conteúdo registrado pode acarretar numa não compreensão do entendimento daquilo
que se quer dizer, transmitir.
Dentro da
comunicação com os extraterrestres, o conteúdo, as implicâncias dentro de cada
frase, elemento, palavra ali empregada, implicam num contexto mais abrangente do
que aquele que todos nós detemos. Na análise de uma frase, de todo um
parágrafo, pode estar ali um conteúdo, informações muito mais simples que,
talvez, com toda nossa capacidade não consigamos interpretar muito em função de
influências e carga cultural que trazemos conosco. Por isso, a necessidade de
apreender códigos de linguagem trazidas por estas culturas para chegarmos ao
entendimento conceitual do que é transmitido. Este processo nos ajuda a traçar
um elemento comum dos símbolos empregados. Seja o canal verbal, não verbal,
telepático, etc., terá que utilizar um código de comunicação de relacionamento
comum, caso contrário, não decodificaremos as mensagens.
É fato que todos
nós identificando e percebendo necessidades passamos para a ação, implicando
numa relação com o meio, gerando um comportamento. Através desta interatividade
se chega a aprendizagem. Como aprendemos, e se aprendemos, é crucial para o
desenvolvimento futuro tanto da nossa raça, nossa adaptação ao meio ambiente, e
com realidades diferentes da nossa. “
O contato é uma
experiência ainda tratada como parte de uma histeria coletiva. Nem mesmo esta
razão foi suficiente para que governos do mundo todo deixassem de criar centros
de estudos na remota perspectiva deste evento se tornar realidade. Não é
preciso ir muito longe neste raciocínio, pois estamos prestes a colonizar
outros planetas o que implicaria ter mecanismos de comunicação que facilitasse
o suposto contato com novas culturas.
NASA: Archaeology, Anthropology, and Interstellar Communication
Aqui fica uma pergunta para reflexão. Se entre nós
humanos ainda não foi possível estabelecer a livre convivência, estabelecer
valores humanos que nos direcionem para um crescimento e evolução enquanto raça
condigna, diminuir os impactos truncados da comunicação global, como queremos
não somente colonizar, mas entender outras culturas que podem ser radicalmente
– em todos os aspectos – diferentes de nós?
Se entendermos a comunicação como uma relação
social, onde emissor e receptor procuram estabelecer uma linha estreita de
compreensão para que o ruído seja eliminado estamos retrocedendo dentro do que
denominamos “contato”. As bases para qualquer contato é confiança, respeito
pelo outro e adaptação mútua aos costumes e tradições. Somente nos entendendo
como humanidade estaremos aptos a fazer esta troca de intenções. Neste ponto
nenhuma referência a aspectos místicos, ou de conotação limitantes. Testemunhos
de contatados inclusive ligados aos governos falam de raças que são dominantes,
com interesses aos quais vinculam governos da Terra interessados no que pode
ser oferecido. No entanto, existem outras raças que buscam o contato pela troca
de conhecimento, uma via de mão dupla, e neste caso o processo de aprendizagem cresce
exponencialmente, sob este aspecto só temos pontos positivos.
“Outros
estratagemas que os sábios usam para determinar o caráter de uma escrita
desconhecida é por elementar que pareça, contar os símbolos. A lógica que está
no fundo disto é bastante simples: uma escrita desconhecida contendo menos de
trinta sinais diferentes, não pode, possivelmente, ser uma escrita silábica,
pois trinta silabas não bastam para reproduzir a língua. Tal escrita teria que
ser uma escrita alfabética. Por outro lado, se tiver cerca de cem sinais,
pode-se admitir imediatamente que a escrita é silábica. Se houver ainda mais
sinais a escrita deve ser ideográfica: sinais separados para cada palavra ou
ideia.” (Reprodução parcial de uma página da obra “O segredo dos Hititas, de C.W.
Ceram. Ed.1964 – Editora Itatiaia Ltda. Pg.101)
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